Dentre os
problemas mais comuns e desagradáveis na manutenção de aquários plantados está
o surgimento e controle das algas. Mesmo em aquários onde as plantas não são o
enfoque principal muitas vezes isso também é problema, mesmo que se resuma a
questões estéticas.
Dentre as algas
que ocorrem mais facilmente em aquário estão as ditas azuis; na verdade, não
são propriamente algas, e sim bactérias cianofíceas, uma das mais primitivas
formas de vida da Terra, “estando por aí” há bilhões de anos praticamente
inalteradas – sinal de sucesso e resistência.
Reconhecendo as
Cianofíceas
As cianofíceas
são facilmente reconhecíveis, pois apresentam algumas características físicas
bem diferentes das demais algas que ocorrem em aquários.
Textura:
aveludada, formando película fina sobre objetos, e especialmente sobre folhas
de plantas
·
Consistência:
gelatinosa, solta-se facilmente ao toque, partindo-se em pedaços que flutuam e
depois caem ao fundo do aquário
·
Cor:
geralmente é verde escuro profundo, brilhante, sendo às vezes mais claro, ou às
vezes quase azul profundo ou mesmo negro; mais raramente adqüire coloração
marrom-avermelhada, quando em associação a algas rodofíceas (vermelhas)
·
Odor:
de todas as algas, essa é a única que apresenta um odor característico marcante
e forte, que lembra cebola ou alho, provavelmente devido à presença de
compostos fenólicos
Problemas
Causados
Os maiores
problemas que as cianofíceas podem causar em aquário são quase sempre em
relação às plantas: por cobrirem a maioria das folhas das plantas, podem
matá-las ao impedir que elas fotossintetizem de maneira satisfatória.
Também podem
causar problemas a peixes e demais animais, embora não haja dados científicos
que comprovem (ou neguem) isso. Mas isso é uma suposição pertinente, já que há
cianofícieas que produzem neurotoxinas que comprovadamente afetam (e até matam)
mamíferos que as ingiram (ou água por elas contaminada).
De minha experiência
posso relatar que em aquários onde elas se manifestaram, houve interrupção na
reprodução de peixes, bem como mortes inexplicadas de alevinos e filhotes
(respectivamente reprodução de discos e morte de filhotes de Ancistrus), embora
não haja nenhuma evidência clara de relação direta das algas para esses fatos.
Tratamento
Para resolver
isso, o tratamento é de risco, pois pode afetar a filtragem biológica do
aquário, já que se utilizará o antibiótico Eritromicina – não se esqueçam que o
filtro biológico nada mais é que a colônia de bactérias nitrificantes.
Portanto,
aplicando o tratamento, é imprescindível que se monitore diariamente a
concentração de amônia do aquário (por meio de testes de amônia – compra-se em
lojas de aquariofilia), fazendo as trocas de água necessárias para baixar essa
concentração.
A eritromicina
será encontrada em farmácia sob o nome de Ilosone ou Eritrex ou como genérico.
Atenção: não é o xarope, nem os comprimidos (esses tem corantes e
aromatizantes). Deve ser usada apenas a apresentação em cápsulas: basta
abrí-las e utilizar o medicamento que já está em pó.
A dose será
250mg a cada 100 litros de água, nem mais, nem menos. Calcule o volume de água
real do aquário, descontando o substrato, decorações etc.
Coloque num
recipiente com água para dissolver previamente à aplicação no aquário. Devo
avisar que esse é um dos produtos mais difíceis de dissolver que já encontrei,
procure dissolver o máximo que puder, pois isso proporcionará melhores
resultados.
Deve-se aplicar
essa dose diariamente por 2 ou 3 dias seguidos; caso tenha carvão na filtragem,
deve ser removido previamente à aplicação.
Não se esqueça
de monitorar a amônia diariamente, se possível 2 vezes ao dia.
Após o
tratamento, deve-se fazer uma troca de 50% ou mais da água, e colocar carvão
ativo novo na filtragem, retirando-o após 48 horas.
E agora, cuidado
ao manipular o aquário, procurando evitar reintroduzir essa “alga” novamente
Vladimir
Xavier Simões, maio 2002
Nenhum comentário:
Postar um comentário