sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Killifishes Anuais

Killifishes Anuais
O que seriam os killies chamados anuais?
O termo anual, se refere ao período de desova / reprodução dos mesmos, e é frequentemente e erroneamente confundido com o tempo de vida desses peixes.
Sim na natureza os killies anuais normalmente vivem um ciclo de um período de chuva a outro, o que normalmente ocorro dentro de um ano. Daí logicamente com a estiagem e posterior seca das poças onde se estabelece o biótopo, eles morrem; mas em cativeiro isso não ocorre, e o tempo de vida deles se estende a praticamente o mesmo de qualquer outro peixe pequeno.
Bom voltemos à desova e reprodução desses peixes.
Na natureza o clico de vida desses peixes segue sempre o período das chuvas. Algo mais ou menos assim como mostra o desenho abaixo.
O CICLO
Abaixo um exemplo de um biótopo de killies anuais no município de Garuva, Santa Catarina, fotos tiradas em períodos diferentes do ano, praticamente do mesmo ângulo.
A DIAPAUSA
Para que possamos entender melhor isso, precisamos entender o que vem a ser a diapausa. Se formos procurar nos dicionários, o termo diapausa normalmente vem assim descrito:
diapausa
di.a.pau.sa
sf ( gr diápausis) Biol
1 Período de dormência espontânea, independente das condições do ambiente, com interrupção das atividades de desenvolvimento, num embrião, larva ou pupa, ou com suspensão da atividade reprodutiva em um inseto adulto. Ocorre comumente durante a hibernação ou a estivação.
2 Período de dormência análoga entre dois períodos de atividade em outras formas.
Fonte: Dicionário Michaelis
Em se tratando de killies, na prática a diapausa pode ser encarada como o período que os ovos fazem sua embrionagem.
Devagar e de forma bem lenta e gradativa, os embriões irão se formando (e transformando) no interior dos ovos até atingirem um estado de “quase eclosão”. Esse estado pode durar poucos dias ou até meses.
Normalmente uma mudança de condições do meio como o inicio das chuvas na grande maioria dos casos (unidade do local junto à queda da pressão barométrica), levam os ovos a sair desse “torpor” e entrarem num estado de eclosão.
Anos de evolução levaram os killifishes anuais a desenvolverem essa capacidade de sobrevivência, a diapausa dos ovos é primordial para a manutenção desse tipo de peixes, dado às particularidades e efemeridade dos locais onde vivem.
Fatores com o a adaptação do envoltório (chamado córion) para se tornar mais resistente às secas e o fato principal do processo de desenvolvimento embrionário poder ser interrompido e após isso retomado, foram fatores decisivos para o sucesso desses peixes. Todo esse conjunto de fatos e efeitos é chamado Diapausa.
Fatores como tipo de Substrato, umidade presente, temperatura média, condutividade do meio, espelho d'água (período de chuvas e/ou secas) e não só a espécie, influenciam diretamente no tempo da diapausa.
Vale lembrar que ate hoje esse fenômeno chamado diapausa, não esta totalmente entendido e estudado.
O SUBSTRATO
Na natureza a desova acontece com o casal colocando e fecundando os ovos no fundo das poças onde habitam; na grande maioria dos casos enterrando-os.
Esse fundo; geralmente é um amontoado de restos de vegetação triturada, areia e lodo, formando um substrato fino e movediço.
Em cativeiros, os killies anuais, normalmente desovam em turfa (pó de coco na verdade) previamente preparada e acondicionada para esse propósito.
A TURFA
 A chamada (por convenção popular) turfa usada em criação de killies, na verdade era composta de xaxim moído; com a proibição da extração do xaxim, e por consciência ecológica, passou-se a usar o pó de coco com o mesmo resultado do xaxim.
Preparando a turfa:
Existem hoje em dia diversas marcas de pó de coco a venda principalmente em lojas de agricultura / floriculturas.
Procure adquirir uma apresente a forma mais moída (menores partículas). A fibra de coco em pedaços grandes, além de dificultar a postura, pode a vir a machucar os peixes.
Alguns criadores chegam a bater o pó de coco em liquidificadores velhos, para obter um pó mais fino, outros usando tesouras picam-na diversas vezes.
Não importa o método o importante é obter uma turfa fina e o mais homogênea possível.
Pó de coco comprado pronto
Esse tipo de fibra, pode ser peneirado e o resultado é uma turfa de ótima qualidade.
Independente do tipo de substrato usado, xaxim, pó de coco, ou qualquer outro testado, ele deve sempre ser muito bem fervido, não só com o intuito de fazê-lo afundar mais rápido, mas principalmente para esterilizar a turfa e deixá-la livre de qualquer agente que possa ser prejudicial aos futuros ovos.
Pó de coco já peneirado
Uma boa (e prática) dica é que depois de utilizar a turfa, e passá-la por todo o processo de seleção – espera (diapausa) – molhagem – eclosão – secagem , colocá-la por uns 5 minutos num forno microondas. Isso garante o “zeramento” da turfa em relação a ovos e faz uma outra esterilização.
Nota:
Lembre-se também que o uso contínuo da turfa em aquários, tende a acidificar a água.
Preparando o “ninho”:
Aqui há algumas maneiras distintas de fazermos isso. As duas mais comumente usadas, são; espelhar a turfa em todo o fundo do aquário de forma homogenia ou colocá-la dentro de um pote e esse dentro do aquário.
Os dois métodos dão resultados parecidos e há entre os criadores quem defenda um ou o outro.
O que vale lembrar é que o tipo de espécie que estamos pretendendo criar, vai influenciar na quantidade de turfa a ser colocada.
Explicando melhor; há dois tipos de killies anuais distintos, quanto ao quesito postura.
Há os chamados “aradores” (do termo arar – passar o arado) que praticamente largam os ovos sobre o substrato, ficando esses depositados na sua superfície e os ”mergulhadores” que literalmente mergulham seus corpos dentro da turfa para a postura. Então esses, logicamente precisam de uma camada maior de turfa para desovarem.

Pote com turfa colocado dentro do aquário.

Aqui já com o casal rondando o ninho.

Turfa solta no fundo do aquário.

O casal já verificando o local.
Existem vários métodos de separação, coleta e armazenamento da turfa após a postura. Nos aprofundarmos aqui seria fugirmos um pouco do cunho geral ( e simplificado) que procuramos dar ao texto. Vale dizer que após a postura a turfa é escorrida até tirar todo excesso de umidade e armazenada (pelo período de diapausa de cada espécie) de diversas formas distintas.
A baixo um seqüência de fotos que exemplifica uma das maneiras disso ser feito.
1- Turfa somente úmida e com ovos
2- Colocando a turfa em saquinhos
3- Turfa já dentro do saco plástico
4- Fechada
5- Identificada
6- Pronta pra armazenar
Alguns killifishes anuias:
Nothobranchius guentheri zanzibar
São exemplos de algumas espécies de killifishes anuais:
- Austrolebias
- Campellolebias
- Cynolebias
- Cynopoecilus
- Fundulosoma
- Gnatholebias
- Leptolebias
- Maratecoara
- Megalebias
- Moema
- Nematolebias
- Nothobranchius
- Papiliolebias
- Pituna
- Plesiolebias
- Pronothobranchius
- Pterolebias
- Rachovia
- Simpsonichthys
- Terranat
Créditos:
Fotos:
Cesar Cleiber Barreto – Rivu
Fábio Burgarelli
Adilson Borszcz
Desenho:
Mauricio Teixeira
Texto:

Magro Costa
Orientação e Revisão Final:

Paulo Cannaes
Autor:Magro Costa (26/04/2010)

Aquaflux Aquarismo e Aquapaisagismo

2 comentários:

Daniel disse...

Onde acho a "turfa" para comprar. Estou em Sao Paulo...capital

Osneir disse...

Olá Daniel, poste um email para contato e te encaminho alguns contatos de criadores.